sábado, 21 de julho de 2012

Eu era seminarista quando o Pr. Irland, que foi meu professor, contou que, em uma de suas viagens, sentou-se junto a ele um cônego, que disse ter feito seu doutorado no Vaticano, especializando-se no estudo de grupos evangélicos. O cônego lhe teria dito que após estudar vários grupos evangélicos, reconheceu que os batistas eram os que mais se aproximavam do ensino do Novo Testamento. Eis um testemunho bem forte de quem somos. Temos um credo bíblico, norteado pelas Escrituras. Até mesmo nossa maneira de elaborar teologia dá segurança. As Escrituras são o nosso cânon e o nosso eixo, e Cristo, numa frase feliz de Lutero, é “o cânon dentro do cânon”. Por isso somos batistas. Somos bíblicos e cristocêntricos. O sistema de governo eclesiástico batista é congregacional. Neste sentido, as igrejas são confederadas em convenções que não têm poder jurisdicional sobre elas, mas que devem submeter-se à voz delas. No sistema batista, a base pode mudar a cúpula. Isto garante espaço para discordância, o que é mais difícil em sistemas eclesiásticos de administração piramidal descendente, em que a  autoridade emana de cima para baixo. Nosso modelo  traz certa desordem, quando a vaidade fala mais alto que o espírito de solidariedade, mas impede o domínio de uma pessoa ou de um grupo. Na assembléia local, cada batista é um voto. Na assembléia associacional ou convencional, a maior e mais rica igreja não tem domínio sobre as igrejas menores e mais pobres. A proporcionalidade pode parecer domínio, mas não é e manifesta justiça. Os problemas que surgem por manipulação e pressão em bastidores (ou mesmo em público) devem ser atribuídos a pessoas, que são más e pecadoras, mas não ao sistema. Qualquer sistema oferecerá problemas, porque será usado por homens pecadores. Mas o sistema congregacional e confederado, além de bíblico, é equilibrado. Entrei no seminário em 1968, ainda adolescente. Desde aquela época ouço coveiros da denominação falando do seu fim. Os coveiros eram obreiros com prazo de validade. Foram fazer outra coisa na vida e a denominação continuou. Exatamente porque é um projeto sério, que as falhas humanas não conseguem sufocar. Voltamos ao início: ela não repousa sobre pessoas ou estruturas, mas sobre princípios e valores eternos. Há falhas porque é tocada por pessoas, mas uma denominação que, no Brasil, no deu homens como José dos Reis Pereira, João Filson Soren, Éber Vasconcelos, Werner Kaschel, Luis Sayão, Waldemiro Tymchak, Fernando Brandão, e mulheres como Beatriz Silva e Margarida Gonçalves, sem dúvida que merece respeito. Deu gente de valor, dá gente de valor e dará gente de valor.
A um crítico de nossa denominação, disse eu certa vez: “Nós, os tradicionais, assim pejorativamente chamados, trouxemos o evangelho para este país. Tivemos Bíblias apreendidas e queimadas em praças públicas, pregadores intimidados e apedrejados, templos apedrejados. Sem retórica, obreiros nossos derramaram sangue para estabelecer o evangelho nesta terra. Aplainamos a estrada por onde vocês andam à sombra das árvores que plantamos. Levamos cem anos para estabelecer um nome respeitado no Brasil. De repente, um grupo que ninguém sabe de onde veio, surgiu, maculou a imagem de crentes, e ainda nos joga pedras. No mínimo, vocês nos devem respeito!”. Não comento isto por ufanismo, mas por observar que alguns dentre nós parecem sentir um complexo de inferioridade quando, numa visão do reino  equivocada em sua teologia e mundana na sua essência, quantificam o reino e avaliam o conteúdo e a história de uma denominação pelos números. Se números validam a verdade, os muçulmanos estão com a verdade. Como os comunistas estiveram com ela, no passado. Nós temos uma origem nobre, um passado limpo e um futuro cheio de possibilidades. Nossa história nos faz detentores de um nome honrado e nos coloca com a responsabilidade de dar continuidade a uma saga de heróis.Porque nosso corpo doutrinário é coerente e sólido. Não temos uma crença tipo comida por quilo, em que o sujeito mistura peixe ensopado com feijoada e lasanha, e ainda joga queijo ralado por cima. Não somos uma mistura de opiniões, um amontoado de idéias, mas temos uma teologia coerente e muito bem embasada biblicamente. Tanto que dos grandes teólogos bíblicos do passado e dos contemporâneos podemos colocar os batistas no topo. Desde o início de sua história os batistas articularam sua teologia. Não brincaram de “cabra cega”, seguindo um líder errático. Puseram seu credo no papel, exposto à análise e à crítica. Assim, desde 1611, com a primeira declaração batista da história, feita por Thomas Helwys, temos teologia[2]. Bem feita, bíblica, coerente e espiritual. Um Strong, um Conner, um Mullins, um Gundry, e muitos outros mostram que somos uma denominação que pode expor suas idéias, e que elas podem ser examinadas e debatidas. Não apelamos para um autoritarismo em que apenas uma voz se pode ouvir. 
Uma das razões pelas quais decidi permanecer como batista é por conhecer nossa história. Ela me encanta. Não nascemos de um racha por dinheiro nem de briga por poder. Surgimos ao redor de princípios e os mais elevados: a suficiência das Escrituras, a liberdade religiosa, o batismo de pessoas convertidas a Cristo, ênfase na regeneração, autonomia das igrejas, batismo e ceia como ordenanças e não como sacramentos. Somos os paladinos na luta pela liberdade religiosa. Temos uma história como poucos grupos a têm. Ela deveria ser mais estudada e bem conhecida em nossas igrejas e bem sabida por todos os pastores batistas. Grande parte disso se deve ao fato de que os batistas não têm um fundador, um homem em especial que descobriu uma doutrina, como a alegada visão de Hellen White de ter visto as tábuas da Lei no céu, com o mandamento de guardar o sábado envolto em luz. Nem como Hagin que recebeu uma visitação especial de Jesus e este lhe ter dito que alguém se opusesse a ele seria aniquilado. Nascemos ao redor de princípios que vários cristãos, em vários lugares, em estudo criterioso das Escrituras, viram que a Reforma não assimilara, e que ela necessitava ser completada. Agruparam-se homens e mulheres em busca do certo, e não do conveniente e do mais vantajoso. Thomas Helwys, John Smyth e aqueles trinta e oito que com eles fundaram uma igreja batista na Holanda, em 1609, estavam direcionados por princípios teológicos, e não por briga por dinheiro ou espaço político. Não tinham uma revelação especial, mas se prendiam à velha revelação, a das Escrituras. Queriam cumpri-la. Thomas Helwys fundou a primeira igreja batista na Inglaterra, em Spitafields, em 1612. Ele redigiu o primeiro documento pedindo liberdade religiosa, e tentou entregá-lo ao rei Tiago I. Quando foi encarcerado, provavelmente em 1614, a liderança da igreja foi transferida para John Murton, que seguiu na mesma linha de pedir liberdade religiosa [1]. Os batistas sempre defenderam o direito de a pessoa escolher a fé que deseja, e até mesmo não ter fé alguma.
''Esta primeira palestra brota do coração. Sou batista. Não me envergonho de sê-lo e não pretendo deixar de sê-lo. Conheci o evangelho numa igreja batista. Foi por causa do ministério de uma delas que conheci Jesus Cristo como meu Salvador. Estudei num seminário batista, sustentado por igrejas batistas, e foi nele que recebi minha base teológica, e onde me apaixonei pela Teologia. Fui consagrado por um concílio de pastores batistas, a pedido de uma igreja batista, e sempre recebi sustento de igrejas batistas. O mínimo que posso ter pelos batistas é gratidão. Não vi incompatibilidade entre uma igreja batista e a essência do evangelho''...(texto extraído do blog do pastor; isaltino gomes coelho filho-pastor batista)

sexta-feira, 20 de julho de 2012

HISTÓRIA DOS BATISTAS

João Smyth, que tinha formação teológica em Cambridge, foi pastor anglicano entre 1600 e 
1603, tornando-se então puritano e, mais tarde, em 1606, separatista. Teve no advogado Tomás 
Helwys um auxiliar competente na nova igreja separatista por ele iniciada. Com a grande 
perseguição encetada por Tiago I, e após muita discussão na congregação, houve a resolução de 
emigrarem para a Holanda, onde havia liberdade para os protestantes adorarem a Deus “de 
acordo com suas próprias premissas” Para a viagem até Amsterdã, que ocorreu entre 1607 e 
1608, a ajuda financeira de Tomás Helwys foi fundamental.  Smyth, era profundo 
estudioso das línguas originais da bíblia e concluiu que ele sua congregação traziam consigo  uma prática de batismo que não tinha valor, Assim é que, após convencer os membros 
da congregação, ele e Helwys dissolveram a igreja anterior e iniciaram uma nova igreja pelo 
batismo. Para isso, Smyth batizou a si mesmo e depois a Helwys, e os dois batizaram os demais 
componentes do grupo enquanto professavam a sua fé.O desejo era reconstruir uma igreja de 
acordo com os padrões do Novo Testamento, através do batismo de todos os crentes professos.
. Isso ocorreu em 1609. Smyth pediu filiação a outro grupo , enquanto Hewys ficou com o menor grupo 10 ou 12 (que continuou batista).Depois da organização da primeira igreja batista, João Smyth escreveu várias 
confissões de fé e, em uma delas, em 1612, apresentou o primeiro escrito nos tempos 
modernos a defender completa liberdade religiosa, afirmando que o magistrado deve 
deixar que a religião cristã seja livre, de acordo com a consciência de cada um
. Por sua 
vez, Tomás Helwys também escreveu vários trabalhos  e, finalmente, o livro intitulado 
Breve declaração do mistério da iniqüidade, publicado também em 1612, em que 
defende liberdade religiosa para todos, mesmo para os tiranos e os católicos romanosAssim, o grupo retornou à INGLATERRA se fixou em Spitafields, nas proximidades de 
Londres, no mesmo ano de 1612, sendo esta a primeira igreja batista em solo inglês.